quarta-feira, 21 de março de 2012

" O ATENDIMENTO PSICOPEDAGOGICO NA ESCOLA!"


A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana e surgiu de uma demanda: o problema da aprendizagem. É uma ciência que se preocupa com os problemas de aprendizagem e o psicopedagogo é o profissional que deve ocupar-se inicialmente do problema envolvendo-se com o processo de aprendizagem buscando explicações do tipo: Como esta criança aprende? Como sua aprendizagem varia? Como se produzem as alterações em sua aprendizagem? Como reconhecer, tratar e prevenir os problemas de aprendizagem?
Segundo BOSSA (2000), o objeto central da psicopedagogia está estruturado em torno do processo da aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento (apud KIGUEL, 1994, p.8). O psicopedagogo é um profissional que tem total dedicação à assessoria de instituições escolares com o intuito de certificar aos profissionais que nela atuam e oferecer condições precisas para se poder atingir uma melhor compreensão da complexidade do processo de ensinar e aprender. O trabalho desempenhado pelo mesmo permite uma composição de análises correspondentes a cada instituição escolar garantindo a elas uma melhor qualidade de trabalho para os educadores e ainda estimular à desenvoltura de relações inter-pessoais, a estabilidade de vínculos sócio-afetivos, o emprego de processos de ensino e aprendizagem compatibilizados com as concepções mais atualizadas a respeito dos métodos de trabalho e planejamento por meio de um envolvimento mais dinâmico com a equipe escolar, proporcionando acima de tudo uma ampliação no modo de olhar o aluno em torno dos problemas que ocorridos em torno de seu processo de aprendizagem. Está preparado para atender crianças e/ou adolescentes que apresentam problemas de aprendizagem, com a função de prevenir, diagnosticar e intervir, podendo sua atuação ocorrer em escolas, empresas e clinicas.
Por meio do diagnóstico psicopedagógico podem-se identificar os motivos que causam/causaram os problemas de aprendizagem, tendo como instrumentos pedagógicos provas operatórias e materiais pedagógicos em geral.  O psicopedagogo pode confirmar ou não suas suspeitas após fazer o diagnóstico na criança, podendo afirmar se há ou não problemas de aprendizagem, caso existam  o mesmo inicia com anuência da família acompanhamento psicopedagógico e também analise se a necessidade do envolvimento de outros profissionais tais como: psicoterapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista ou outro especialista dependendo do caso.
O acompanhamento psicopedagógico pode ser realizado, por meio de várias atividades e diversos recursos tais como: brincadeiras e jogos pedagógicos, contação de, todos com o objetivo de identificar o melhor caminho para a promoção da aprendizagem para a criança e ainda identificar o que pode estar causando algum bloqueio para a mesma.
Por meio de jogos a criança alcança a maturidade, aprende a ter limites, aprende a vencer e a perder, aumenta seu raciocínio, desenvolve a concentração, consegue maior atenção. Para Piaget, (1986, p. 117):
 
 (...) os jogos consistem numa simples assimilação funcional, num exercício das ações individuais já aprendidas. Gera ainda, sentimento de prazer, tanto pela ação lúdica em si, quanto pelo domínio destas ações”.
 
A atividade lúdica é um dos melhores caminhos para o entendimento do mundo da criança e/ou adolescente, por isso, a mesma deve sempre ser utilizada em sessões de acompanhamento psicopedagógico. No que se refere ao acompanhamento escolar, algumas vezes se faz necessário, o acompanhamento  por meio da observação dos cadernos, a organização e os erros cometidos, auxiliando a criança a compreender seus erros e ajudando-a descobrir o melhor meio de estudar e fazer com que a aprendizagem efetivamente aconteça. O psicopedagogo que está fora da instituição onde está a criança e/ou adolescente poderá comparecer a mesma para conversas informais ou não com o docente, colegas e demais funcionários da instituição para um melhor conhecimento da criança/adolescente atendido. O contato do profissional com as pessoas envolvidas no dia-a-dia da criança e/ou adolescente sempre revelam aspectos que podem auxiliar no acompanhamento das mesmas..
         Considerando os fatores implicados no processo da aprendizagem, pode-se pensar no papel do psicopedagogo com relação ao fracasso escolar. Ele deve buscar o que significa o aprender para esse sujeito e sua família, tentando descobrir a função do não aprender. Conhecer como se dá a circulação de conhecimento na família, qual a modalidade de aprendizagem da criança, não perdendo de vista qual o papel da escola na construção do problema de aprendizagem apresentado, tentando também engajar a família no projeto de acompanhamento para ampliar seu conhecimento sobre a dificuldade, modificando seu modo de pensar e de agir com relação à criança e/ou adolescente.
O trabalho na instituição escolar apresenta duas naturezas: o primeiro diz respeito a uma psicopedagogia voltada para o grupo de alunos que apresentam dificuldades na escola. O seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de sala de aula, possibilitando o respeito às necessidades e ritmos. Tendo como meta desenvolver as funções cognitivas integradas ao afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a aprendizagem dos conceitos conforme os objetivos da aprendizagem formal. O segundo tipo de trabalho refere-se à assessoria junto a pedagogos, orientadores e professores. Tem como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, através da aprendizagem dos conceitos e as diferentes áreas do conhecimento.
Segundo BOSSA (2000, p. 13), no exercício preventivo, pode-se falar em três níveis de prevenção:
No primeiro nível, o psicopedagogo atua no sentido de diminuir a freqüência dos problemas de aprendizagem, seu trabalho recai nas questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de professores, além de fazer aconselhamento aos pais.
No segundo nível, o objetivo é diminuir e tratar dos problemas de aprendizagem já instalados, a partir dos quais, procura-se avaliar os currículos com os professores para que não se repitam tais transtornos.
No terceiro nível, o objetivo é eliminar os transtornos já instalados, num procedimento clínico com todas as suas implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que, ao eliminarmos um transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros.
Na sua tarefa junto às instituições escolares, o psicopedagogo, numa ação preventiva, deve adotar uma postura critica ao fracasso escolar, visando propor novas alterações de ações voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas.  
Segundo FERNÁNDEZ (1991):  
Para resolver o fracasso escolar necessitamos recorrer principalmente ao plano de prevenção nas escolas batalhar para que o professor possa ensinar com prazer para que, com isso, seu aluno possa aprender com prazer, tende a denunciar a violência encoberta e aberta, instalada no sistema Educativo, em outros objetivos. (1991. p.81-82)  
A intervenção do psicopedagogo no processo de diagnóstico das classes de alfabetização é muito importante para o sucesso dos alunos nos anos iniciais de sua escolarização, pois os grupos de crianças são sempre heterogêneos quanto aos conhecimentos já adquiridos nas diversas áreas do conhecimento, ou seja, o seu conhecimento prévio, portanto, às crianças não chegam à escola com o mesmo desenvolvimento real, como também não mostrarão ao educador os mesmos processos de maturação em via de serem consolidados na zona proximal e, tampouco, terão as mesmas possibilidades na zona potencial. Cada criança mostra-se como um ser único, com capacidades, limitações, motivações, habilidades, atitudes e interesses específicos.
Diante desse universo de diversidades próprias do ser humano, que o professor encontra na sala de aula, a intervenção psicopedagógica é fundamental, pois na maioria das vezes, o professor não detém o conhecimento necessário para conhecer cada criança na sua individualidade, principalmente por ser grande o quantitativo de alunos que na maioria das vezes apresentam problemas. Cabe ao psicopedagogo juntamente com o professor fazer um levantamento das possibilidades, limitações, conhecimentos, habilidades e aprendizados construídos por cada aluno, para subsidiar a elaboração de propostas didático-pedagógicas que irão realmente atender a cada sujeito-aprendente em seu processo de desenvolvimento e aprendizado em todas as áreas do conhecimento.
Segundo Vygotsky (1988) o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, daí o papel da escola na construção do “ser psicológico” dos indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas. O psicopedagogo e o professor devem  atuar na zona de desenvolvimento proximal como mediadores, e interventores  no organismo que não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros indivíduos de sua espécie. Para o desempenho desse papel e preciso conhecer os processos já consolidados pela criança, seu nível de desenvolvimento real, os que já se iniciou ou não na zona proximal e o que se precisa aprender para o desenvolvimento de suas funções psicológicas – Zona de Desenvolvimento Potencial ou Imediato
De posse do diagnóstico o psicopedagogo e a escola devem dirigir o ensino não para etapas intelectuais já consolidadas, mas sim para estágios de desenvolvimento ainda não alcançados pelos alunos, mas já iniciados no seu processo de desenvolvimento. Assim, o psicopedagogo será o construtor da ponte entre o que o aluno sabe e o que ele pode e deve aprender. Nesse percurso, é necessário observar sempre as possibilidades das crianças e o nível de desenvolvimento potencial de cada uma.
Nessa perspectiva, o processo ensino-aprendizagem na escola será construído a partir do nível de desenvolvimento real da criança, num determinado momento, em relação a um dado conteúdo curricular a ser desenvolvido, tendo em vista os objetivos e as metas estabelecidas pela escola, professor e até mesmo pelo psicopedagogo, para aquele ano escolar e para cada grupo de criança atendida.
O professor não precisa mais trabalhar o que a criança já sabe; precisa sim trabalhar o que ela não sabe, mas o que ela precisa aprender e que certamente aprenderá com o professor e o psicopedagogo na intervenção na zona de desenvolvimento proximal e na interação inter-psíquica do grupo. Com o auxilio do outro, seu processo de desenvolvimento será muito mais fácil. Em seus estudos, Vygotsky, ressalta a importância do educador no processo de ensino-aprendizagem, para ele é fundamental que o professor assuma seu papel de interlocutor mais experiente, intervindo nessa interação, ajudando a criança e/ou adolescente a confrontar seus modelos com o modelo do outro e, a partir desse confronto, chegarem à compreensão das diversidades encontradas. Consideram-se, ainda, de grande importância às interações sociais que ocorrem no espaço escolar, porque através delas professor e aluno tomam consciência de que o saber é construído socialmente, e que aquilo que a criança faz com a ajuda do professor ou de colegas mais experientes será uma etapa de grande valia para a interiorização do conhecimento escolar e para o seu desenvolvimento psíquico.
Segundo Vygostsky (1988) a aprendizagem da criança começa muito antes da aprendizagem escolar e esta nunca parte do zero.  Toda a aprendizagem da criança na escola tem uma pré-história. E a partir desse pressuposto que os professore devem resignificar sua prática docente, pois ela precisa ser concreta, consciente, atual e transformadora, elaborando vínculos afetivos com o ser aprendente, mesmo que não se deseje aprender naquele momento, por alguma circunstância. E se persistirem tais resistências, a frustração, em função do não alcance dos objetivos devem ser banidos, pois, o trabalho é conjunto, e talvez seja o momento de compartilhá-lo com outro profissional especializado, pois como se viu a psicopedagogia trabalha concomitantemente com a aprendizagem e o desenvolvimento do seu processo.
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Notas:
·         Zona de Desenvolvimento Potencial/Imediato (ZPI): é um construto teórico que, metaforicamente, implica em uma área na qual se dá o desenvolvimento cognitivo ou um processo gradual de interação mediante trocas com o outro social, mas dentro de certas possibilidades limitadas pelo desenvolvimento real ou atual e pelo desenvolvimento potencial.
·         Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): é a distância entre seu desenvolvimento real, determinado pelas tarefas solucionadas de forma independente, e o nível de seu desenvolvimento potencial determinado com a ajuda de tarefas solucionadas pelo individuo com m a orientação de adultos em cooperação com seus colegas mais capazes
·         Zona de Desenvolvimento Real (ZDR): é aquilo que o individuo sabe fazer sem auxílio ou com suas competências já consolidadas.

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